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Não Vasculares Briófitas

Briófitas - Quando falamos em Briófitas, referimo-nos genericamente às plantas não vasculares, musgos, hepáticas e antocerotas. Os dois primeiros géneros dominaram os cursos ripícolas e as margens lacustres e marítimas durante o período Ordovício (c 500 milhões de anos, Fanerozóico), tendo evoluído directamente a partir de seres protistas, como as algas. As Briófitas foram, assim, as primeiras plantas a aventurar-se em terra, muito antes das Pteridófitas, mas ao contrário destas, por não possuírem canais próprios de transporte de água e nutrientes, ou seja, um sistema vascular, não puderam afastar-se dos meios aquáticos, limitando-se a criar extensos e compactos tapetes verdes e permanentemente húmidos nas margens dos talvegues. Sem verdadeiras raízes, caules e folhas, também não lhes foi possível crescer em altura.

 

Longe dos cursos de água, o mundo compunha-se de rocha e poeira, um cenário inóspito e inacessível a plantas que dependem totalmente da água quer para se reproduzirem, quer para se alimentarem. Foi-lhes necessário esperar pelas Pteridófitas, surgidas cerca de cinquenta milhões de anos mais tarde, para que as Briófitas encontrassem uma ponte húmida e sombria que as levasse para novos territórios até então impossíveis.

 

Filogenia - Da divisão das Antocerotas, derivada das Briófitas, nasceram as três principais classes de plantas terrestres, os Polisporagiados, as Protraqueófitas e as Traqueófitas, sendo estas últimas as plantas vasculares que englobam as Pteridófitas e as Espermatófitas (Gimnospérnicas e Angiospérmicas).

 

Mecanismo de Reprodução - Os mecanismos de reprodução e os meios de dispersão das Briófitas são em tudo semelhantes às das Pteridófitas.

Igualmente sem flores nem sementes, estas plantas não vasculares dispersam-se por meio de esporos, os quais, uma vez na terra, germinam num gametófito, ou seja, um produtor de gâmetas femininos (arquegónios) e masculinos (anterídios). Na presença de água ou humidade, os anterozóides - espermatozóides dotados de flagelos - nadam até aos óvulos produzidos nos arquegónios, fecundando a oosfera. Aí, os zigotos desenvolvem-se num esporófito diploide que perpetuará o ciclo geracional.

 

Morfologia - As Briófitas (c. de 9500 espécies) são chamadas genericamente de «musgos verdadeiros» para se diferenciarem das Marchandófitas (hepáticas), com as quais partilham grande parte das características, e das Antocerófitas (antocerotas) às quais deram origem.

 

Os musgos possuem rizóides que apenas lhe permite fixarem-se à superfície dos solos e das rochas, o que os impossibilita de procurar água e nutrientes em profundidade. Apresentam caulóides, em vez de verdadeiros caules, uma vez que não conseguem sintetizar a lenhina característica dos sistemas vasculares, factor essencial ao crescimento em altura. Por fim, sem verdadeiras folhas, estão equipados com filóides fotossintéticos compostos por uma única fiada de células. Após a germinação do esporo, desenvolve-se um protonema, filamento ramificado formado igualmente por uma única cadeia celular mas de maior espessura. Na ausência de um sistema vascular, possuem um canal central condutor de água, o hadrom. No término das sedas finas surgem as cápsulas operculadas (com uma «tampa»), de onde são projectados os esporos.

 

As hepáticas (aprox. 6000 espécies), identicamente inconspícuas, distinguem-se dos musgos pela cor dos talos, verde-rosados ou violáceos, achatados. Os seus rizóides são unicelulares. Existem hepáticas talosas e folhosas. As primeiras deram nome a todo o grupo, isto porque no passado eram procuradas para tratamento das doenças do fígado. Apresentam um aspecto ondulado e são uni ou bissexuais. Os arquegónios formam-se nos arquegonióforos, e os anterídios nos anteridióforos. As segundas, mais frequentes nos trópicos, possuem três fiadas de «folhas», uma das quais mais pequena, semelhantes às dos musgos, com uma única fiada de células, porém espalmadas e geralmente lobadas.

 

Os antocerotas (aprox. 100 espécies) lembram as hepáticas talosas, porém distinguem quer destas quer dos musgos pelo seu peculiar sistema reprodutor. Os anterozóides são produzidos em câmaras anteridiais, localizadas em cavidades mucilaginosas no próprio gametófito. Os arquegónios encontram-se na parede lateral da câmara e em contacto com as células vegetativas. O canal do colo abre-se dorsalmente para permitir a entrada do espermatozóide. Assim que o gametângio se desenvolve, forma-se no talo uma cápsula séssil e deiscente por onde ele sairá. Desta forma, podemos dizer que os antocerotas foram simultaneamente arautos das futuras Espermatófitas e são actualmente relíquias filogenéticas das primeiras Embriófitas.

  
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